08/01/15 12h15

São Paulo é a porta de entrada dos investimentos no Brasil

Estado consegue manter atração de novos negócios, apesar da queda de competitividade da indústria brasileira como um todo

Brasil Econômico

São Paulo continua sendo o estado que mais atrai investimentos no Brasil, a despeito da perda de participação do país na atração de novos negócios. A afirmação é do presidente da agência de fomento Investe São Paulo, Luciano Almeida. Ele discorda que o estado esteja perdendo participação no Produto Nacional Bruto (PIB), especialmente em relação a investimentos na indústria. “Na verdade, o Brasil como um todo não é competitivo e tem perdido investimento para outros países, mas São Paulo ainda é a porta de entrada para o investimento no país”, revela.

Almeida utiliza os dados do PIB industrial para justificar sua afirmação: em 2012, a participação da indústria paulista no PIB industrial era de 29,78% do total e, no ano passado, subiu para 32,32%. No mesmo período, a participação da indústria nacional no PIB caiu de 26,02% para 24,98%. “Isso mostra que a indústria paulista ampliou sua participação no PIB”, afirma.

Entretanto, essa participação já foi bem maior: em 2003, a indústria paulista concentrava 37,72% do PIB industrial nacional. Ou seja, em uma década houve uma queda de cinco pontos. Mas também é verdade que a participação do setor no PIB nacional era maior: 27,85% do total.

Um dos motivos que explicaria essa aparente perda de participação é o corte setorial, já que nos últimos anos projetos relacionados a bens de consumo foram os mais privilegiados. “Houve aumento de renda per capita no Nordeste e muitas indústrias iniciaram negócios naquela região para atender a essa nova demanda”, afirma Almeida.

Ainda em relação aos cortes setoriais, ele explica que a previsão de investimentos no Brasil até 2017 possui grande concentração de projetos de óleo e gás, que devem receber US$ 203,3 bilhões em investimentos. “O problema é que aqui os investimentos são contabilizados no estado de origem. Ou seja, existe um desvirtuamento, já que São Paulo possui sim grandes projetos na área, mas apenas a matriz acaba sendo contabilizada”, afirma.

Regiões mais atraentes são as melhores em logística

Almeida afirma que existe um projeto da agência de ajudar as regiões e municípios mais pobres, mas reconhece que há fatores de limitação para isso. “Um dos grandes atrativos do estado é o mercado consumidor, que fica nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, e as empresas querem estar próximas desses consumidores. Ainda assim, estamos conseguindo ampliar o raio de atuação”, explica.
O executivo lembra que o histórico do desenvolvimento industrial de São Paulo começou na capital paulista e depois foi ampliado para até 50 quilômetros da capital, alcançando a região do ABC.

“Atualmente, esse raio já atinge de 150 e 200 quilômetros da capital, onde há o equilíbrio da logística, o melhor custo-benefício em fazer investimento, ter qualidade de vida e mão de obra especializada.”
Em 2014, só com o apoio da Investe São Paulo, foram anunciados 27 projetos no estado, com investimento de R$ 3,4 bilhões. Além disso, até 30 de novembro havia 91 projetos em andamento — que podem ou não se concretizar — com potencial de investimento de R$ 10,07 bilhões.

Por conta desse volume de investimentos e o que está por vir, o presidente da agência de fomento considera o ano como “maravilhoso”, mas reconhece que começa a ter sinais importantes. “Os investimentos estão crescendo em volume, mas diminuindo de valor. A situação mundial não é boa. Hoje, os Estados Unidos são quem mais competem com o Brasil e isso afeta muito a nossa capacidade de atração de investimento”, afirma Almeida.

Ele lembra que nenhum país demonstra forte tendência de crescimento para os próximos anos: nem na Ásia, nem na Europa. “Mesmo a lógica brasileira de aproveitar a demanda do mercado interno já está comprometida. Cada vez mais os investimentos são postergados até que se tenha um cenário melhor da economia global. O mundo está de lado e isso traz uma nova realidade: uma realidade de espera.”