28/07/17 14h26

Ranking classifica Bauru entre os melhores municípios para idosos

Entre as 150 cidades mais populosas do Brasil, Bauru foi considerada a 14.ª melhor

JC Net

"Hoje, só fica dentro de casa vendo TV quem quer". Do alto de seus 80 anos, é este o ensinamento que Leonídia Temple carrega consigo e transmite para os colegas que já chegaram à Terceira Idade. Ela e o marido Adão Temple, 94 anos, participam de diversas atividades oferecidas em Bauru, classificada como uma das melhores cidades para os idosos viverem.

Entre os 150 municípios mais populosos do Brasil, o ranking elaborado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP) e divulgado pela plataforma digital VivaReal colocou Bauru como a 14.ª cidade com melhor estrutura para garantir qualidade de vida a quem tem mais de 60 anos.

Entre os critérios considerados, estão os cuidados de saúde, bem estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento e indicadores gerais, como violência urbana, distribuição de renda, expectativa de vida ao nascer e taxa de desemprego (veja quadro no final).

Bauru ficou à frente de cidades de mesmo porte, como Franca e Piracicaba, por exemplo, que apareceram na 27.ª e 32.ª posição, respectivamente. Bauru também teve melhor desempenho do que algumas capitais, como São Paulo (19.º), Rio de Janeiro (24.º) e Belo Horizonte (17.º). Entre os 150 municípios mais populosos do País, Santos ficou em primeiro lugar. Já na região, Lins aparece como a mais bem ranqueada entre as cidades com menos de 100 mil habitantes, na terceira posição da lista.

Estima-se que Bauru tenha, hoje, aproximadamente 48 mil moradores com 60 anos ou mais. E o poder público e a iniciativa privada vêm se aprimorando para atender a esta crescente demanda, que vive cada vez mais e melhor.

Leonídia é um exemplo desta nova geração de idosos, que tem saúde e disposição de sobra para usufruir da aposentadoria ativamente. "Quer me encontrar? Não me procure em casa", ela diz.

DIVERSIFICADO

Além de escrever poesias, fazer teatro e frequentar aulas de ginástica e dança no Sesc de Bauru, ela participa, na companhia do marido, de um projeto de extensão do curso de fisioterapia da Universidade do Sagrado Coração (USC) que oferece atividades físicas para idosos. Segundo a professora Gislaine Aude Fantini, coordenadora da Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati) da USC, além de cursos, a instituição também promove oficinas de teatro, aulas de tai chi chuan e kung fu, entre outros exercícios orientados por uma educadora física.

Na rede municipal, os serviços públicos para os idosos são diversos, como o Centro Dia da Vila Vicentina, que garante proteção especial para idosos no período diurno. "Bauru também conta com seis residências inclusivas, que abrigam pessoas com deficiência sem vínculos familiares, incluindo idosos. A cidade, inclusive, é modelo em termos de rede de assistência", acrescenta a presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (Comupi), Ana Maria Michieli Benjamin.

Ela cita, ainda, o trabalho realizado por algumas associações da Terceira Idade, entidades assistenciais e universidades, como a USC e a Unesp. "Também desenvolvem programações específicas para este público unidades do Sistema S, como Sesc e Sesi. As opções são variadas, em todas as áreas de interesse, o que faz com que Bauru tenha uma gama bem completa de atividades para atender o idoso", completa.

ADEUS, SEDENTARISMO!

Há cinco anos, José Aparecido Pereira, 67 anos, se sentia mais velho do que hoje. Era um homem sedentário e, com a chegada da aposentadoria, decidiu que precisava mudar. "Percebi que não queria ficar em casa, olhando para a televisão", conta. Hoje, corre três vezes por semana em um clube de corrida, em outros três dias, nada e faz academia no Sesc. "Meu único dia de descanso é segunda-feira e esta rotina mudou minha vida. Tinha problemas com diabetes e pressão alta e, agora, está tudo sob controle", comenta ele, que já participou quatro vezes da Corrida de São Silvestre, em São Paulo.

José serve de inspiração para Liliana Thomazine de Freitas, 54 anos, que começou a se preparar para a chegada da Terceira Idade. Ela faz academia e caminhadas, além de atuar no Projeto Alegria. "Estou cuidando do corpo e da alma em busca de qualidade de vida", observa.

CADA VEZ MAIS JOVENS

"O mínimo é uma, mas tem fim de semana em que saio três vezes para dançar", diz Salete Duarte, 69 anos, que, além da dança, incluiu a ginástica em sua rotina semanal há cerca de três anos. Desde então, ela conta, as dores que avançavam junto com a idade começaram a desaparecer.

"A gente vai deixando os remédios de lado e a angústia de ficar sozinha também some, porque a gente conhece muitas pessoas. Faz bem para a saúde e para a autoestima", afirma.

Com 66 anos na certidão de nascimento, a amiga dela, Égida dos Santos, brinca que sente como se tivesse 25. Além de fazer ginástica e hidroginástica, gosta de fazer caminhadas e sempre procura andar a pé para manter o físico em dia. "Hoje, não sinto dor nenhuma, só sinto vontade de agitar, de me movimentar e viajar. E Bauru oferece muitas coisas para os idosos. Só fica parado quem quer", comenta.

Responsável pelo trabalho social com idosos do Sesc, a animadora cultural Cibele Mion pondera que, além das atividades físicas e culturais oferecidas pela unidade, a programação também busca conscientizar o idoso sobre o seu protagonismo, afastando a ideia já ultrapassada de que ele deve permanecer à margem da sociedade. "Este é um aspecto muito importante para derrubar alguns estereótipos, já que eles estão cada vez mais ativos e ganhando importância em todos os segmentos", completa.