10/07/17 13h49

Produção de gás natural crescerá 55% até 2026 com pré-sal

Valor Econômico

A produção líquida de gás natural do Brasil deverá crescer cerca de 55% nos próximos dez anos, dos atuais 61 milhões de metros cúbicos/dia para aproximadamente 95 milhões de metros cúbicos/dia, em 2026, de acordo com cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A produção líquida inclui o total de gás produzido, descontando o volume queimado nas plataformas, reinjetado nos poços e consumido nas unidades de produção.

Na avaliação da estatal de estudos energéticos, o aumento da produção líquida será motivado principalmente pela maior contribuição do gás associado produzido nos campos do pré-sal. O gás do pré-sal, que responde hoje por 33% da produção líquida total do país, representará metade desse volume em 2026. As projeções da EPE subsidiam o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2026, cuja minuta será divulgada nas próximas semanas pelo Ministério de Minas e Energia para consulta pública.

Com relação à importação de gás natural, a estatal trabalha com a manutenção da capacidade dos terminais de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) da Baía de Guanabara (RJ), Pecém (CE) e Baía de Todos os Santos (BA), que somam 41 milhões de metros cúbicos diários.

A estatal ainda considera em seus estudos um novo terminal em Sergipe, para atender uma termelétrica de 1,5 mil megawatts (MW) de capacidade, com previsão de entrada em operação em 2020. A oferta do terminal, no entanto, ainda não é incluída no volume total de GNL importado disponível ao mercado brasileiro por não haver conexão entre este terminal e à malha de gasodutos do país.

Sobre o gás natural importado da Bolívia, a EPE trabalha com um volume de 30 milhões de metros cúbicos diários até 2021. Embora os principais contratos relativos à importação do energético terminem em 2019, há um direito de “make up” (compensação) pela Petrobras, por não ter retirado todo o volume previsto no contrato, que deve manter o suprimento nos mesmos patamares por cerca de dois anos.

A partir de 2022, a EPE avalia uma redução do volume de gás importado do país vizinho. “Estimamos que a renovação do Gasbol [Gasoduto Bolívia-Brasil] não vai ser os 30 milhões. Vai ser inferior a isso”, afirmou José Mauro Coelho, diretor de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis da EPE.

A queda do volume importado da Bolívia, nas projeções da EPE, deve-se principalmente ao crescimento da oferta interna do energético no Brasil. Além disso, o volume menor a ser contratado do país vizinho, da ordem de 20 milhões de metros cúbicos/dia, segundo a EPE, não deverão ser preenchidos apenas pela Petrobras, mas por outras companhias interessadas em adquirir gás. As projeções sobre a Bolívia fazem parte de estudo da EPE que será lançado nas próximas semanas.

Com relação à demanda brasileira por gás natural, atualmente de 71,6 milhões de metros cúbicos/dia, a EPE projeta um crescimento de 2% ao ano até 2026. A estatal calculou ainda a oferta total de gás disponível no mercado brasileiro atualmente, considerando produção nacional e importação via GNL e Gasbol, somando cerca de 120 milhões de metros cúbicos diários.

Esse volume supera em cerca de 20 milhões de metros cúbicos diários a demanda total brasileira em um cenário de estresse, considerando todo o mercado de gás, além do acionamento simultâneo de todo o parque termelétrico a gás natural e de usinas bicombustíveis, também movidas a gás. “No estresse máximo e improvável, o Brasil tem estrutura para suportar toda a demanda e ainda sobrar”, avaliou o diretor da EPE.