26/05/17 14h22

Preço de energia deve cair pela metade e bandeira pode ficar verde em junho

Valor Econômico

O enorme volume de chuvas das últimas semanas ajudou a inverter o cenário de preços de energia de junho. A expectativa é de que o preço de liquidação das diferenças (PLD, referência no mercado de curto prazo de energia), que vinha acima de R$ 400 por megawatt-hora (MWh) durante todo o mês de maio, caia para menos da metade.

Especialistas ouvidos pelo Valor preveem que a bandeira tarifária para junho deixará a cor vermelha, podendo ficar amarela ou até mesmo verde.

Apesar de o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ter dito que esperava a manutenção da bandeira vermelha até novembro, a mudança de patamar em junho deve refletir a ocorrência de um volume de chuvas acima da média nas últimas semanas de maio, que influenciaram a previsão para a primeira semana do mês, quando é definida a cor da bandeira.

"Essa queda de preço que esperamos é muito em função da chuva realizada no último fim de semana. Foi um volume significativo e ajudou na recuperação parcial dos reservatórios", explicou Carlos Caminada, diretor de risco e inteligência de mercado da Ecom Energia. Cálculos preliminares da comercializadora de energia indicam um PLD na faixa de R$ 140/ MWh na próxima semana.

A previsão de chuvas para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul em junho está, respectivamente, 10% e 47% acima da média histórica para este mês. Já na primeira semana de junho - e é isso que está pressionando os preços -, as projeções do ONS indicam chuvas 16% acima da média no Sudeste e 116% no Sul.

As duas projeções deverão forçar para baixo os valores de custo marginal de operação (CMO) e o PLD. Com isso, esses valores podem ficar abaixo de R$ 422,56 por megawatt-hora (MWh), que configura a bandeira tarifária amarela, ou até inferiores a R$ 211/MWh, voltando ao patamar da bandeira verde, sem custo adicional para o consumidor.

Para se ter uma ideia, o PLD médio vigente nesta semana, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), é de R$ 471,16/MWh.

Apenas a queda do PLD não significa automaticamente o acionamento da bandeira verde ou amarela. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define a bandeira com base no custo variável unitário (CVU) da última termelétrica do sistema ser despachada pelo ONS. Em geral, esse valor é muito próximo do PLD do mês.

O presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, prevê um PLD abaixo de R$ 150/MWh para a primeira semana de junho.

Caso as projeções de Vlavianos e Caminada se concretizem, a tendência é que a Aneel acione a bandeira verde para junho, sem cobrança adicional para os consumidores. Não há, no entanto, um consenso sobre o tema.

De acordo com Reinaldo Ribas, gerente de gestão de clientes da Delta Energia, "o preço está bem no liminar da bandeira verde e da amarela". Vai depender do ONS, e de quantas termelétricas vai despachar para garantir o abastecimento em todo o país, inclusive no Nordeste, onde o cenário continua de escassez hídrica.

"No Nordeste, a situação de seca não é de hoje e não tem perspectiva de melhora", disse o gerente de regulação do Grupo Safira, Fábio Cuberos. Segundo ele, por enquanto, o intercâmbio entre regiões está sendo suficiente para suprir o abastecimento.

Além disso, não se sabe ainda como ficarão os reservatórios das usinas em todo o país até o fim do período seco. "A ocorrência das chuvas terá um reflexo grande no preço, mas, em armazenamento dos reservatórios e nas condições físicas do sistema, não afeta tanto", disse Gustavo Arfux, sócio-diretor do Grupo Compass.

A bandeira vermelha - patamar 1, acionada desde abril, representa um acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Já a amarela representa um aumento de R$ 2,00 a cada 100 kWh.