06/02/14 16h54

Pesquisa em Valinhos busca cura do câncer por meio de planta medicinal

Protec

A planta medicinal Avelós, de origem africana e que pode ser encontrada em todo o Brasil, é a base para uma pesquisa desenvolvida em Valinhos (SP) que busca alcançar um novo tratamento para o câncer. Após atingir resultados significativos em cultura de células cancerígenas in vitro, o método está na fase de testes em animais. Segundodados divulgados nesta terça-feira (04/02), Dia Mundial do Câncer, pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o estado de São Paulo é o que mais deve registrar novos casos da doença este ano, com 152 mil notificações. Em nível nacional, a estimativa é de cerca de 580 mil.

Segundo o condutor da pesquisa, Luiz Francisco Pianowski, formado em farmácia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (Uepg) e doutor em Tecnologia Farmacêutica em Porto, cidade portuguesa, a pesquisa iniciada em 2006 promete desenvolver um medicamento menos agressivo que os tratamentos com quimioterapia. Ele explica que foi preciso identificar e isolar elementos importantes da planta. “Com as três moléculas separadas, registramos que mais de 50% das células cancerígenas foram induzidas ao suicídio em testes in vitro. Esse resultado é muito significativo e nos permitiu fazer testes em seres vivos”, afirma.

Pianowski afirma que os testes in vitro foram conduzidos para o Hospital do Câncer de Barretos (SP). “Fizemos testes aqui no laboratório (de Valinhos) e depois repassamos para o pessoal do hospital”, conta. Agora, a fase com animais é desenvolvida em laboratórios da Alemanha e de Portugal. “Não é pela tecnologia, mas pela credibilidade desses locais”, completa. Segundo o especialista, a previsão é de que os resultados obtidos com animais sejam concluídos em até quatro meses. Caso alcance respostas positivas, deverá passar pela última etapa envolvendo grupos de pessoas e depois poderá ser incorporado ao mercado.

Riscos
O pesquisador ressalta a importância de não utilizar medicamentos ou plantas medicinais sem prescrição médica. “A diferença entre um remédio e o veneno é a dosagem, portanto é importante que as pessoas não utilizem as plantas sem acompanhamento especializado. O leite da Avelós, por exemplo, pode levar à cegueira”, alerta.

Atletas da ciência
Para o especialista, a falta de investimento público e privado em cientistas e laboratórios farmacêuticos dificulta o desenvolvimento de pesquisas no Brasil. Segundo ele, o País tem um potencial de cientistas que podem utilizar da biodiversidade para chegar a resultados expressivos na medicina. “Nós temos que parar de vender a matéria-prima e receber espelhinho, aqui temos cabeças tão boas quanto no exterior, mas é preciso investimento”.

Pionawski considera que os cientistas brasileiros são os “atletas a ciência”, pois não são reconhecidos pelo Governo. “Temos que mudar a forma de pensar e passar acreditar, de fato, que repassar verba para pesquisa não é custo, é investimento”, destaca.