10/08/17 14h44

Novo plano de concessões mira investimento de longo prazo

Folha de S. Paulo

Para tentar destravar investimentos superiores a R$ 220 bilhões em obras estruturais, o governo prepara um plano nacional de concessões de infraestrutura que deve dar previsibilidade aos leilões, como hoje ocorre no setor elétrico.

O projeto está sendo conduzido pelo PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e, segundo o secretário-executivo, Adalberto Vasconcelos, a minuta final será discutida com o presidente Michel Temer no fim deste mês.

As decisões do plano de concessões serão tomadas por um conselho ligado ao presidente da República e que terá entre seus integrantes a secretaria do PPI.

O planejamento segue o modelo do setor elétrico, que tem diretrizes de longo prazo e cronograma com previsão de ações até 2024. O trabalho está sendo realizado pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística) e definirá prioridades para os anos de 2018, 2019, 2020, 2025, 2030 e 2035.

Simulações iniciais da EPL indicam que já seria preciso privatizar rodovias para atrair investimentos de cerca de R$ 20 bilhões até 2025. Há projetos para ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias.

No setor de aeroportos, além de uma nova rodada de concessões, o governo planeja fazer a primeira PPP (Parceria Público-Privada).

Uma outra mudança é o lançamento de um sistema que tornará público tudo o que for ser privatizado. Trata-se de uma plataforma informatizada desenvolvida em parceria com a EPL e que mapeou os gargalos nacionais de logística.

"Se não houver dinheiro para uma rodovia, o sistema vai mostrar que ela precisará ser concedida à iniciativa privada três anos antes, por exemplo [para evitar o gargalo]", disse o secretário do PPI.

O sistema também visa tirar obstáculos para o investimento estrangeiro no país.

"Em nossas conversas com estrangeiros, eles diziam que o Brasil é um mercado importante, mas reclamavam que os editais demoravam para serem publicados. Quando saíam, já não havia tempo hábil para que se qualificassem", disse Vasconcelos.

Uma outra medida que já havia tomada para atrair o investimento externo foi a ampliação de 45 para cem dias o prazo entre o edital e a disputa dos projetos do PPI.

 

BALANÇO

Até o momento, o governo concluiu 54% dos 89 projetos inscritos no PPI. Os 48 projetos atraíram R$ 23 bilhões em investimentos e levaram aos cofres da União cerca de R$ 6 bilhões em outorgas.

Neste semestre, a expectativa é que sejam realizados os leilões do pré-sal e de blocos exploratórios, as quatro usinas da Cemig (São Simão, Miranda, Volta Grande e Jaguara) e a Lotex (loteria conhecida como "raspadinha").

No total, esses projetos devem movimentar cerca de R$ 21 bilhões.

No pacote, podem entrar ainda novas concessões de rodovias, como um trecho da BR-153, as BRs 364 e 365, e o aeroporto de Viracopos (Campinas, no interior de São Paulo), que foram devolvidas e serão relicitadas. Três linhas de transmissão que encalharam no último leilão serão colocadas à venda novamente.