07/12/16 15h18

Nestlé investe para exportar chocolate e ração animal

Valor Econômico

Apesar do cenário recessivo e de inflação crescente, a Nestlé pretende realizar uma nova injeção de investimentos no Brasil em 2017 que, somados aos aportes deste ano, irão transformar o país em um "hub" de exportação para a América Latina de duas marcas consideradas importantes para a companhia suíça: os chocolates Kit Kat e a ração úmida Purina, do segmento "premium" voltado para cães e gatos.

A matriz aprovou R$ 480 milhões a serem investidos para a melhoria operacional e tecnológica de parte de suas 31 fábricas no país e construção da segunda linha de produção dos chocolates na fábrica de Caçapava, no interior paulista - a 14ª do mundo e a primeira da América Latina.

"É um montante alinhado com o que já vínhamos investindo no Brasil. E vamos continuar investindo esse montante nos próximos anos", afirmou ao Valor o vice-presidente de Operações da Nestlé, o egípcio Magdi Batato. Em sua primeira visita ao país desde que assumiu o cargo, em outubro de 2015, Batato afirmou que esses investimentos são estratégicos como forma de expansão da empresa no continente. Sem entrar em detalhes, acrescentou que a unidade industrial da marca de café Dolce Gusto, a última inaugurada no país, deverá começar a exportar em breve.

Inaugurada em 2012, a fábrica de Kit Kat produz entre oito e nove toneladas por ano da variedade "4 Fingers", a marca líder no Brasil na categoria "candy bar". Com o aporte, a Nestlé conseguirá dobrar o volume produzido e triplicar a capacidade de exportação aos vizinhos - não divulgada por razões estratégicas. Hoje, esses chocolates já abastecem parte da Argentina, do México e do Equador. Segundo a empresa, o Brasil poderá atender toda a América Latina a partir do fim do ano que vem.

Ao todo, a fábrica de Kit Kat em Caçapava consumiu R$ 200 milhões - R$ 100 milhões em cada linha de produção. "Mas tenho conversado [com os executivos do Brasil] e talvez haja necessidade ainda uma terceira linha, já que estaremos usando 99% de nossa capacidade", disse Batato.

Paralelamente, a Nestlé inaugurou no mês passado sua fábrica de produção de ração úmida para cães e gatos. Em comum com o Kit Kat, é a única da América Latina e também terá a função de abastecer mercados vizinhos. Localizada em Ribeirão Preto, em São Paulo, recebeu investimentos de R$ 240 milhões em 2016.

A ração soma-se a uma linha seca diversificada com sete marcas para cães e cinco para gatos já produzida no Brasil, país que detém a segunda maior população de pets do mundo. A linha úmida, no entanto, tem mais valor agregado: além do frescor, ela ajuda na hidratação do animal.

Os anúncios para o Brasil ocorrem em um momento em que a companhia suíça enfrenta desaceleração nos negócios. Entre janeiro e setembro deste ano, as vendas globais da Nestlé alcançaram 65,5 bilhões de francos suíços (US$ 66,1 bilhões), uma alta de apenas 3,3% - resultado mais fraco em mais de uma década. Em outubro, à ocasião da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a companhia reduziu sua expectativa de crescimento orgânico (sem aquisições) em 2016 de 4,2% para 3,5%.

No Brasil, a empresa aumentou os preços em junho para compensar a pressão com a desvalorização do real, impactando o volume comercializado.