02/01/14 14h06

Mais empresas on-line atraem investidor

Número de start-ups da internet que receberam dinheiro cresceu 81,5% em 2013, com destaque para lojas virtuais

Folha de S. Paulo

O setor de internet foi o que mais atraiu investimentos para start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) em 2013. Foram ao menos 49 operações, número 81,5% maior do que em 2012, de acordo com a empresa de pesquisa e análise de mercado TTR (Transactional Track Record).

O estudo leva em conta tanto o "seed capital" (investimento inicial) quanto o capital de risco, usado em negócios mais consolidados.

Esses investimentos em internet somam ao menos R$ 173 milhões --o montante leva em conta apenas os valores que foram divulgados pelos investidores.

Em 2012, o total revelado havia sido de R$ 409 milhões. Segundo a TTR, o alto valor se explica por uma transação pontual de US$ 100 milhões que puxou
a soma para cima.

"O interesse pela internet reflete o crescimento da classe média. Estudos indicam que 87% dos brasileiros têm acesso a rede pelo menos uma vez por semana", afirma Wagner Rodrigues, gerente da área de pesquisa e inteligência de negócios da TTR.

Entre os negócios virtuais, o e-commerce foi o que mais recebeu atenção dos investidores, com 21 operações.

O desempenho do comércio virtual brasileiro pode explicar o interesse dos investidores. Segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), em 2013 houve um crescimento no faturamento de 29% em relação ao ano passado.

Esse aumento foi puxado, entre outros fatores, pelas cerca de 10 milhões de pessoas que fizeram sua primeira compra virtual neste ano.

O brasileiro está se acostumando a comprar produtos diferentes pela web. No primeiro semestre, a categoria moda e acessórios foi a responsável pelo maior volume de vendas virtuais, segundo a consultoria E-bit. Foi a primeira vez que o setor ocupou a posição desde 2000.

A empresa Dress & Go, que atua no ramo de aluguel de vestidos de luxo pela internet, recebeu um aporte de R$ 1 milhão neste ano --valor três vezes maior que o investido no início do negócio.

Elas conversaram com 15 fundos de investimento, incluindo estrangeiros. Mas acabaram optando por um grupo nacional. "Escolhemos pela experiência que ele tinha no mercado da moda e de internet. Temos encontros toda a semana", conta a sócia Bárbara Almeida.

Ela e Mariana Penazzo decidiram apostar no negócio no fim de 2012 e colocaram R$ 300 mil do próprio bolso para desenvolver o site e adquirir o primeiro lote de vestidos (150 ao todo).

Com o novo investimento, foi possível mais que dobrar o número de vestidos. Hoje são 500 modelos.

Depois da internet, o setor de tecnologia foi o segundo que mais atraiu investimento neste ano: ao menos R$ 105 milhões em 23 aportes.

A Ecosynth, que atua na área de biotecnologia ambiental, foi uma dessas empresas. Ela captou R$ 3 milhões para comercializar uma enzima em pó que acelera a degradação do esgoto.

"É um setor muito aquecido porque existe a responsabilidade dos governos em fornecer saneamento básico para a população. Quem agride o ambiente vai para a cadeia hoje", avalia o fundador do empreendimento, Eduardo Conchon, 46.

A produção dobrou com o primeiro aporte, saltando de 250 kg para 500 kg do produto no mês passado.

Em 2014, a start-up quer dobrar a captação de recursos e exportar a tecnologia.