18/12/13 12h10

Jundiaí realiza estudo com alemães

Jornal de Jundiaí

Com a realização do 1º Congresso Técnico Brasil Alemanha - Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos, iniciado nesta segunda-feira (16) no Parque Comendador Antônio Carbonari (Parque da Uva), Jundiaí dá um passo importante na discussão do descarte do lixo - em nível nacional e local. Durante todo o dia, o evento recebeu importantes palestrantes e autoridades nacionais e internacionais.

O prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) explicou que, a partir do ano que vem, a cidade terá seu lixo estudado por um grupo de pesquisadores da Alemanha, o que possibilitará buscar meios de ajudar o meio ambiente e até mesmo produzir energia. Eles levarão em conta as características físicas, químicas e biológicas dos resíduos descartados. Essa parceria foi possível a partir de um projeto da cidade, selecionado no programa NoPa (Novas Parcerias).

Segundo o secretário de Serviços Públicos, Aguinaldo Leite, o estudo terá uma duração de 15 meses. Nesse período, de 12 a 15 profissionais da Alemanha estarão por aqui para fazer estudos e ainda contarão com o apoio da PUC (Pontifícia Universidade Católica) e da Unianchieta. Está prevista a instalação de um pequeno laboratório para serem feitos os trabalhos. O foco, explica Aguinaldo, é encontrar formas de aliviar o meio ambiente, com melhor jeito de descarte e reaproveitamento.  

Depois vem a questão energética, com a possibilidade de se aproveitar partes desse lixo e produzir energia. "Assim, fechamos um ciclo importante", salientou o secretário. Jundiaí, diz Aguinaldo, avançou bastante nas questões de estudos, mas ainda falta evoluir mais em ações práticas. As formas de descarte e reaproveitamento foram citadas na manhã desta segunda-feira pelo professor da Universidade Técnica de Braunschweig e membro do Creed (Center for Research, Education and Demonstration in Waste Management), Klaus Fricke, em palestra no congresso.

"Todo lixo tem de ser tratado", explicou ele. "Cada município precisa desenvolver seu sistema." Fricke apresentou dados sobre a Alemanha e disse que nem todos os exemplos trazidos de lá podem ser aplicados aqui. Ele lembrou também que a coleta de lixo não pode ser financiada por impostos, mas sim pela venda dos produtos reaproveitados dos resíduos. Nada disso, ele recordou, poderá ocorrer sem um povo motivado, que aceite a coleta seletiva. "Na Alemanha, isso não ocorreu do dia para a noite."

A palestra seguinte foi da juíza Teresa Cristina de Carvalho Pereira Mendes, do Maranhão, que falou sobre a atuação do judiciário no que diz respeito à aplicação da lei em casos ambientais que envolvem resíduos. Em seguida, quem falou foi o subsecretário de Energia do Estado de São Paulo, Milton Flávio, cuja abordagem trouxe números sobre a energia renovável. Ele explicou que São Paulo tem uma porcentagem de energia renovável de 55,5%, contra 45,5% do Brasil e 12,5% do planeta. "Nossa proposta  é ter 69% da energia renovável até 2020."

SEPARAÇÃO
A ideia é que no primeiro semestre de 2014 a cidade já tenha a maior separação possível do seu lixo, com a instalação de seis esteiras mecânicas e a reutilização do material no espaço ao qual o lixo hoje é levado, o Centro de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (Geresol). A partir do ano que vem, entra em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Os municípios brasileiros terão de se adequar a ela, fazendo maior separação e aproveitamento, e enviando menos lixo aos aterros. O analista de infraestrutura Celso N. E. Oliveira, do Ministério das Cidades, diz que Jundiaí está no caminho certo para fazer a separação e destinar corretamente os resíduos, com condições de ter a estrutura adequada até 2014.

O 1º Congresso Técnico Brasil Alemanha continua nesta terça-feira com 19 palestras a partir das 8h, no Parque da Uva. A primeira delas será sobre separação de metais e plásticos, de Paulo da Pieve. O encerramento está previsto para 17h40, após mesa redonda. O evento oferece toda a estrutura necessária, com tradução simultânea durante as palestra internacionais.