06/09/17 13h49

Indústria cresce e aponta 3º tri melhor

Valor Econômico

A indústria começou o terceiro trimestre melhor que o esperado e reforçou a expectativa dos economistas de que a recuperação gradual do setor seguirá em curso nos próximos meses. A produção cresceu 0,8% em julho, na comparação com junho, pela série com ajuste sazonal - a quarta taxa positiva consecutiva, maior sequência desde 2012.

Quando comparado a julho de do ano passado, a expansão da produção foi mais forte, de 2,5%, o melhor resultado para o mês desde 2013 (3,4%). Analistas consultados pelo Valor Data previam, na média, crescimento do indicador em 0,4% frente a junho e em 1,5% frente ao mesmo mês de 2016.

O avanço no mês foi puxado pelo desempenho dos bens de consumos duráveis, com crescimento de 2,7% no mês, na série com ajuste. Foi a quarta alta consecutiva da categoria. Destaque para itens como eletrodomésticos da linha marrom, motocicletas e móveis.

"Os bens duráveis refletem o ganho de renda, reflexo da inflação controlada, assim como dos efeitos da liberação de recursos do FGTS e do ciclo de redução de juros", disse André Macedo, gerente da indústria do IBGE. "Existe uma melhora clara na indústria nos últimos meses."

Por segmento, a principal influência positiva veio dos alimentos (2,2%), em expansão pelo terceiro mês seguido. Mas a boa notícia é que o avanço foi bastante disseminado. Dos 805 produtos industriais acompanhados pelo IBGE, 54% cresceram em julho em relação ao mês anterior.

Os dados de julho apontam para um crescimento de 1,2% da indústria no terceiro trimestre, na comparação aos três meses anteriores, acelerando o ritmo de recuperação na comparação ao registrado no segundo trimestre (0,8%) deste ano, de acordo com Pezco Microanalysis.

"Os bens duráveis vão crescer no terceiro trimestre, com o quadro mais favorável para o consumo das famílias. Os bens de capital, apesar de terem uma participação menor no total da indústria, também contribuem para a aceleração", diz Helcio Takeda, sócio da Pezco.

Fernando Monteiro, economista-chefe da Tullett Prebon, diz que o desempenho da indústria em julho deixou uma boa herança estatística para o terceiro trimestre. Mesmo se a indústria não crescer mais nada em relação ao nível de julho, vai registrado expansão de 1,4%.

O Itaú estima para agosto estabilidade na indústria, com base em indicadores coincidentes como confiança, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia. A estabilidade consolidaria os ganhos do setor dos últimos quatro meses.

Os economistas seguem pessimistas, no entanto, com o comportamento dos bens de capital. Embora a categoria tenha apresentado taxas expressivas frente a junho (1,9%) e julho do ano passado (8,7%), o resultado teria pouco a ver com uma retomada de investimentos. Os dados do IBGE mostram que, no segmento de bens de capital, o resultado foi puxado por caminhões para exportação e máquinas do setor agrícola.