06/09/17 13h57

Fapesp e Agilent vão financiar pesquisas em biofarma e metabolômica

Até três propostas serão selecionadas e financiadas pela FAPESP e Agilent por um período de até 36 meses

PE&GN

Pacientes com a doença de Gaucher, doença genética rara e progressiva, podem receber nos próximos anos um novo tipo de terapia que, além de não produzir efeitos colaterais, é muito mais barata. Com estimados 600 portadores da doença no Brasil, o custo do tratamento é de cerca de US$ 500 mil por ano com a importação de medicamentos.

Pessoas com a doença de Gaucher têm uma mutação no gene que codifica uma enzima chamada de glicocerebrosidase. A não produção dessa enzima leva ao acúmulo de lipídios, principalmente no baço e no fígado. Há um protocolo clínico aprovado pelo SUS com três tipos de medicamento e dois tipos de tratamento diferentes para tratar essa doença incurável. Os tratamentos consistem em terapia de reposição da enzima derivada da placenta (pdGBA) ou a enzima recombinante (rGBA).

“Nossa proposta de pesquisa visou produzir essas enzimas não pela tecnologia do DNA recombinante (da engenharia genética), mas por meio de ferramentas da biologia sintética em combinação com a evolução molecular recombinante. A partir dessa abordagem, geramos uma célula recombinante e conseguimos produzir o biofármaco em larga escala e muito mais barato. Agora que temos toda a plataforma no laboratório fica fácil só mudar o gene e aplicar o mesmo estudo para outra doença classificada como de erros inatos do metabolismo”, disse Aparecida Maria Fontes, pesquisadora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo, cuja pesquisa foi selecionada em chamada e financiada no âmbito do acordo de cooperação firmado pela FAPESP e a Agilent Technologies.

Os resultados do projeto foram apresentados no dia 30 de agosto no auditório da FAPESP como forma de estimular outros pesquisadores a participarem da nova chamada de propostas de R$ 1,14 milhão lançada pela Fundação com a Agilent. O prazo-limite para submissão de projetos é 29 de setembro.

Metabolômica e biofarma

O objetivo da chamada é selecionar e apoiar projetos de pesquisa em Saúde Humana, Medicina Veterinária e Agricultura, com foco em ferramentas avançadas para diagnóstico e terapias de doenças.

Os projetos devem, por exemplo, resultar no desenvolvimento de novas formas de identificação e quantificação de metabólitos e seus fluxos nas células, tecido ou organismo humano ou animal, ou ainda a novas maneiras de analisar dados coletados em pesquisas com foco na bioterapêutica e na medicina personalizada.

Até três propostas serão selecionadas e financiadas pela FAPESP e Agilent por um período de até 36 meses. A análise dos projetos será feita com base nos critérios aplicados à seleção de propostas no Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e no parecer do Comitê Gestor para a Cooperação FAPESP-Agilent, composto por representantes da empresa e da Fundação.

“Estamos interessados em estimular a pesquisa aqui no Brasil em áreas que são críticas para a gente e que devem ser disseminadas em trabalhos acadêmicos publicados em revistas científicas. Esperamos ótimas propostas. Não temos expectativas específicas quanto à tema ou ao tipo de estudos que devem surgir a partir desta terceira chamada, de qualquer forma, particularmente estou curioso para saber o que vem pela frente", disse Jim Hollenhorst, diretor sênior de tecnologia da Agilent, à Agência FAPESP.

Esta é a terceira chamada conjunta lançada por FAPESP e Agilent. “Estamos muito satisfeitos por colaborar com uma empresa que entende o valor da ciência e da pesquisa científica e que tem cientistas reconhecidos em posição de liderança”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, durante o workshop.

Na primeira chamada, em 2011, duas propostas foram selecionadas para o desenvolvimento de pesquisa em Metabolômica em Plantas e Microrganismos, Medição e Espectrometria de Massas e Medição Avançada em Bioenergia. Na segunda, em 2013, outros dois projetos foram selecionados para realizar investigações em Biologia Sintética e Segurança Alimentar.