13/03/17 14h25

Exportação para China cresce mais de 650% na região

País asiático se consolida como principal comprador de produtos fabricados no Vale do Paraíba, batendo os EUA em aproximadamente R$ 1 bilhão no primeiro bimestre

O Vale

O maior dos tigres asiáticos engoliu a águia americana e se consolida como maior devorador dos produtos manufaturados no Vale do Paraíba. Traduzindo: a China lidera o ranking dos maiores importadores dos produtos feitos na RMVale. Deixou para trás os Estados Unidos, que eram os principais compradores até 2016.

No primeiro bimestre deste ano, os chineses importaram das indústrias da região quase R$ 1 bilhão a mais do que os americanos. A conta ficou assim: R$ 2,264 bilhões em exportações da região para os chineses e R$ 1,268 bilhão aos americanos. Diferença de R$ 995,9 milhões.

Enquanto as indústrias da região venderam R$ 2,264 bilhões neste ano à China, no ano passado foram R$ 299 milhões. Trata-se do maior aumento de um único país comprador na balança comercial da RMVale.

A China já é o principal comprador dos produtos feitos em Jacareí, o segundo maior em São José (perde para os EUA) e o 13º maior em Taubaté (Argentina é líder). Em todas as cidades, neste ano, os chineses aumentaram o volume de importações (veja quadro nesta página), com destaque para Jacareí (131,87%) e São José dos Campos (42,47%).

Brasil

Os chineses também ultrapassaram os americanos como os principais parceiros comerciais do Brasil. Em 2017, no primeiro bimestre, o país exportou R$ 11,5 bilhões aos americanos, alta de 18,19% contra o mesmo período do ano passado, com R$ 9,8 bilhões.

Com os chineses, os números são superlativos: R$ 19,4 bilhões neste ano ante R$ 10 bilhões no ano passado, alta de 94,38%. Do total comprado pelos chineses em 2017, R$ 11,1 bilhões (57,21%) foram de produtos minerais, como combustíveis e petróleo. Veículos (carros e aviões) acumularam exportações de R$ 209,7 milhões (1,07% do total).

Política pode prejudicar as transações

As medidas econômicas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem aumentar a primazia dos chineses na balança comercial da RMVale.

Trump tem dito que quer fortalecer a economia norte-americana mexendo em relações comerciais com outros países, especialmente México e a China. Ou seja, ele quer produzir mais dentro dos EUA e importar menos.

Isso afetará a venda de produtos fabricados no Brasil para empresas nestes países. Multinacionais como a General Motors já sentiram os impactos. O México cancelou a importação de 15 mil veículos da montadora, que seriam produzidos em São José.

“Trump pode mudar completamente o panorama comercial do Brasil, principalmente se começar a impor restrições aos produtos feitos aqui”, disse o economista Fernando Lacerda. “Por outro lado, os chineses podem se aproveitar”, completou.