14/09/17 14h23

Economia brasileira cresceu 0,41% em julho, aponta Banco Central

Dados foram divulgados nesta quinta-feira

O Globo

A economia brasileira cresceu pelo segundo mês seguido e numa velocidade acima da esperada. Nas contas do Banco Central, a atividade expandiu-se 0,41% em julho. O índice criado pela autarquia, o IBC-Br, superou as expectativas dos analistas do mercado financeiro, que estavam em cerca de 0,2% para o mês. Segundo fontes do governo ouvidas pelo GLOBO, os dados reforçam a ideia de que o Brasil pode surpreender e crescer perto de 1% neste ano. Nem mesmo uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer frearia essa retomada.

— A economia já se desligou disso. Acho que essa denúncia vai descer pelo ralo — ao GLOBO afirmou um ministro sob a condição de anonimato.

Dentro da equipe econômica, os dados mais recentes (particularmente os do segundo trimestre) surpreenderam de tal forma que o otimismo ganhou espaço. As apostas são de uma aceleração ainda maior daqui para frente, o que consolidaria a retomada do crescimento econômico.

— A recuperação está chegando — disse um técnico.

No mercado financeiro, também há surpresa em relação à recuperação. Os economistas começam a revisar as projeções. Pela primeira vez neste ano, já vislumbram um crescimento de 0,6%. E a tendência é aumentar ainda mais a projeção.

“Os recentes dados nos dão confiança de que, após uma recessão de 11 trimestres, a economia atingiu um ponto de inflexão durante o 1 trimestre de 2017. Agora, crescem os sinais de uma recuperação cíclica, apoiada pelo forte declínio da inflação (que apoiou o crescimento dos salários reais) reafirmando os fluxos de crédito para os indivíduos, aumentando a confiança dos consumidores e a criação de emprego formal ainda incipiente”, escreveu o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.

Os economistas do Bradesco estão levemente mais otimistas que a média do mercado financeiro. O dado de julho reforçou a visão dos analistas:

“O resultado positivo do indicador em julho reforça nossa expectativa de um ligeiro crescimento do PIB neste terceiro trimestre. Esperamos ainda uma aceleração da atividade econômica no quarto trimestre consistente com nossa projeção de uma expansão de 0,7% do PIB neste ano”, disse a equipe da instituição em comunicado.

De acordo com a autoridade monetária, o índice mostrou crescimento em cinco dos sete meses deste ano, o que indica que o país se recupera da recessão econômica. Os dados estão cada vez melhores.

Em relação a junho, por exemplo, o BC havia divulgado no mês passado que o país cresceu 0,5%. Agora, o número foi revisado para 0,55%.

Segundo o Banco Central, a economia acumula uma alta de 0,31% no ano. No entanto, nos últimos 12 meses, o Brasil ainda acumula um resultado negativo: culpa do retrocesso econômico de 2016. A queda está em 1,37%. Apesar de estar no vermelho, o desempenho do país em 12 meses melhora rapidamente. Há dois meses, estava acima de 2%

Em relatório a clientes, o Bradesco afirmou que o avanço do IBC-Br em julho reforça a expectativa de melhora da atividade econômica. "O resultado positivo do indicador em julho reforça nossa expectativa de um ligeiro crescimento do PIB neste terceiro trimestre. Esperamos ainda uma aceleração da atividade econômica no quarto trimestre consistente com nossa projeção de uma expansão de 0,7% do PIB neste ano".

IBC-Br

O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses. Tanto o IBC-Brquanto o PIB são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia.

Esse indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).

Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.