30/06/17 14h48

Congresso traz inovações para aumentar eficiência da indústria

PROTEC

Novidades voltadas para o aumento da eficiência no setor industrial foram apresentadas nesta terça-feira (27) no 7º Congresso Brasileiro de Inovação, realizado em São Paulo (SP). São esperados 4,2 mil visitantes para o evento, que prossegue até esta quarta-feira (28).

Um dos protótipos que mais chamou a atenção dos visitantes foi desenvolvido pela empresa alemã Festo Automação, utilizando tecnologia de automação que se baseia nos seres vivos, como canguru, borboleta, tromba de elefante, formiga e tentáculo de polvo. Segundo o gerente executivo da empresa, Victor Teles, os movimentos semelhantes ao dos animais tem como objetivo aumentar a produtividade nas linhas de produção.

Inspirados na água viva, os pesquisadores desenvolveram uma estrutura mecânica que é a garra de um robô, capaz de se moldar a qualquer tipo de objeto. “Então, seria possível hoje uma garra que eu consigo pegar uma peça metálica, uma lâmpada, um ovo de páscoa, um ovo de galinha. Tudo com a mesma garra, o que não é comum em um sistema automatizado”, disse Teles.

Outra das inovações apresentadas no encontro é o robô autônomo, capaz de fazer inspeção de manutenção preventiva em dutos de óleo e gás de grande profundidade. O projeto, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com empresas estrangeiras, surgiu de demanda da exploração do pré-sal no país. Os testes são feitos a pedido da Petrobras e Shell.

O gerente executivo de tecnologia e inovação do Senai Marcelo Prim afirmou que a principal vantagem dessa tecnologia é a redução no custo de operação. O robô custa o equivalente de 3% a 5% do valor do serviço tradicional, feito por navios de empresas que prestam o serviço especializado a um preço estimado em US$ 100 mil por dia. Além disso, a tecnologia não expõe trabalhadores ao risco e reduz a possibilidade de vazamentos.

Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o evento é uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e reúne mais de 60 especialistas brasileiros e internacionais para debater o futuro da indústria no mundo digital.

 

Apostar na indústria

Para o vice-presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, a economia do país precisa se afastar da dependência em relação às commodities e apostar na indústria. Paulo informou na abertura do evento que a participação do setor industrial no Produto Interno Bruto (PIB) passou de 22% em 1995 para 11,4% no ano passado. Apesar da queda, a indústria é responsável por dois terços do investimento em pesquisa feito no país.

Segundo Ferreira, a crise no ambiente macroeconômico e político não intimida os empresários da indústria. “Nem por isso a indústria está de braços cruzados. Com esforços, e correndo riscos, continua investindo em inovação”, afirmou.

Ainda assim, na avaliação do vice-presidente, é necessário criar mecanismos de estímulo à inovação e à desoneração do processo produtivo. “Nesse cenário, a inovação precisa ser a obsessão das empresas brasileiras. Não podemos nos acomodar, nem esmorecer. A indústria confia que as instituições e a sociedade encontrarão as soluções para superar essas novas adversidades”, ressaltou Paulo Afonso.

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, lembrou que o papel das micro e pequenas empresas (MPEs) é fundamental. “Por isso o Sebrae está investindo, em 2017, cerca de R$ 350 milhões em inovação, o que representa 35% do orçamento da instituição. Estamos lutando para criar um ambiente de negócios onde os investidores não tenham medo de investir nos pequenos negócios, que é onde está o cerne da inovação”, apontou.

De acordo com Paulo Rabello, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o país precisa se reciclar. O banco que, segundo ele, é casado com a inovação desde sua origem (há 65 anos), busca estar sintonizado com as novas demandas da economia. “A inovação tem que se pagar, tem que ser rentável e tem que se propagar. Principalmente para combater a chaga do desemprego no Brasil”, destacou.