25/08/16 11h38

Como uma startup pode ter sucesso empreendendo na área da saúde? Confira entrevista com Cláudio Terra, do Albert Einstein

Para o diretor de inovação e Gestão, não basta ter uma ideia, é preciso capacidade de gestão e foco na resolução de problemas; Terra é um dos palestrantes do SP Conecta

Investe SP

Na opinião do diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento do Hospital Albert Einstein, Cláudio Terra, para inovar na área da saúde, é preciso balancear a abertura para novas tecnologias com a busca pela qualidade. Segundo ele, startups enfrentam uma tensão saudável entre testar e desenvolver o novo e o foco no resultado final.

Ele é um dos palestrantes confirmados do SP Conecta, evento gratuito que vai reunir a maior parte do ecossistema de apoio a startups do Estado de São Paulo na sede da Investe São Paulo no próximo dia 30 de agosto, às 8h30.

Confira abaixo entrevista completa com ele sobre o tema:

Investe SP: Qual é o futuro da inovação?  O que uma startup precisa para ser inovadora?

Cláudio Terra: O futuro da inovação, como sempre, é descobrir necessidades não atendidas tanto das pessoas, como das empresas, e gerar propostas de valor originais que possam ser adotadas em larga escala. Para uma startup ser inovadora não basta ter uma ideia, projeto ou tecnologia, é preciso capacidade de gestão para criar empresas de rápido crescimento. Isto significa ser capaz de atrair e reter talentos, estabelecer modelos de gestão, de marketing, abrir canais de venda, gerenciar fluxos de caixa, etc. Enfim, inovar é muito mais do que ter uma boa ideia ou desenvolver uma tecnologia ou produto.

 ISP: Quais são os desafios que startups enfrentam para inovar na área de saúde? 

CT: Para inovar na área da saúde é preciso de abertura para o novo e para novas tecnologias, ao mesmo tempo em que é preciso colocar o paciente em primeiro lugar e ser conservador para investir inovações que sejam seguras e mostrem evidências de bons resultados em termos de qualidade, desfecho, conveniência e custos. Ou seja, há uma tensão saudável em testar e desenvolver o novo ao mesmo tempo em que é necessária cautela para não se apaixonar pela tecnologia perdendo foco no resultado final que se espera.

 ISP: Como o programa do Einstein tem ajudado as empresas a superarem esses desafios?

CT: No Einstein, adotamos fortemente o conceito de inovação aberta que estimula o contato e a cooperação para o desenvolvimento de novas soluções, tecnologias e produtos de impacto para a saúde. Relacionamo-nos com grandes empresas internacionais e nacionais, outros institutos de pesquisa e universidades que complementam o conhecimento gerado internamente e também com startups. E algumas vezes todos estes atores podem estar envolvidos em um mesmo projeto colaborativo. No caso específico das startups, podemos colaborar de inúmeras maneiras, por exemplo, no codesenvolvimento de novas tecnologias, serviços e produtos, nos testes e validações técnicas e clínicas de novos produtos, na adequação de produtos existentes às necessidades de grandes sistemas de saúde, como é o nosso caso, e finalmente no apoio à divulgação junto a comunidade médica ou mesmo pacientes de inovações que acreditamos podem ter um impacto positivo.

 

ISP: Quais são as vantagens que uma startup tem em empreender no Estado de São Paulo?

CT: O Estado de São Paulo tem um ecossistema de inovação bastante sofisticado com instituições de pesquisa, agências de fomentos para pesquisa e inovação, mercado consumidor amplo e sofisticado, massa crítica em termos de capital de risco, envolvendo anjos, venture capital e fontes de financiamento público para apoio à inovação.

 ISP: Faltam espaços de conexão, como nos grandes polos de startups, entre empreendedores, empresas e o ecossistema de apoio?

CT: Temos observado uma evolução muito rápida neste tipo de conexão e fomento ao ecossistema. A maior lacuna parece ser entre as startups, governo e grandes empresas. No entanto, mais recentemente temos visto várias mudanças positivas para fortalecer este tipo de conexão.

ISP: Como avalia a importância de um evento como SP Conecta para incentivar o empreendedorismo e favorecer esta sinergia dentro do ecossistema?

CT: Este tipo de evento é fundamental porque um dos grandes desafios de startups é escalar o seu negócio. Para isso, muitas vezes, é necessário adicionar fontes de capital e ativos que apenas grandes empresas públicas ou privadas detêm. 

Sobre o SP Conecta

Realizado no dia 30 de agosto às 8h30, o primeiro SP Conecta vai reunir a maior parte do ecossistema de apoio a startups do Estado de São Paulo na sede da Investe SP. As inscrições são gratuitas pelo site www.investespconecta.com.br e as vagas limitadas.

A ideia é criar novas conexões entre empreendedores, incubadoras, aceleradoras, acadêmicos, associações e governos para acelerar o desenvolvimento de startups paulistas. Além disso, pretende-se aproximar as startups de grandes empresas e corporações inovadoras.