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Bens semi e não-duráveis serão exceção ao longo do ano

Valor Econômico - 02/04/2009

Num ano difícil para a indústria, a expectativa mais favorável recai basicamente sobre os segmentos que dependem mais da massa de rendimentos. Nos 12 meses até fevereiro, a massa salarial cresceu 7% acima da inflação, um ritmo ainda forte, que beneficia os fabricantes de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza. No primeiro bimestre, as vendas do setor cresceram 5,4%, já descontada a inflação, segundo números da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Produtos de consumo essencial, esses bens sofrem menos com as oscilações do ciclo econômico.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, estima que, de todos os segmentos da indústria, o de bens semi e não-duráveis (que inclui, além dos já mencionados, setores como os de vestuário e calçados) é o único que deve fechar em alta em 2009, e ainda assim de apenas 0,2%. A indústria deve recuar 2%, puxada para baixo pelo tombo de 6% do segmento de bens de capital. Ainda assim, mesmo os segmentos como os de alimentos e bebidas podem sofrer um pouco daqui a alguns meses, à medida em que o emprego e a renda forem mais afetados. O ritmo de alta da massa salarial deve diminuir significativamente - há quem veja aumento real inferior a 2% neste ano.

Para a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, pode haver ao longo do ano o chamado "efeito tubaína", ou seja, a substituição de produtos mais caros por similares mais baratos. O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, tem uma visão mais otimista. Para ele, muitas vezes os analistas esquecem que 35% dos rendimentos totais são ligados a benefícios previdenciários e assistenciais (como o Bolsa Família) e aos salários do funcionalismo público. Borges estima que apenas a massa de renda previdenciária deve crescer 8,5% acima da inflação, devido à combinação de aumento de 12% para o salário mínimo, que corrige dois terços dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e da queda dos índices de preços. Borges prevê que as vendas no varejo devem crescer 8,1% neste ano, percentual quase idêntico aos 8% de 2008. Para o Brasil todo, a alta deve cair de 9,1% no ano passado para 4,2% em 2009.